sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Defina piada

O peixe palhaço é o peixe mais cuti cuti que eu já vi. Ele não é do tipo que fica no aquário sem ninguém notá-lo. Afinal, quem já não olhou para um peixe palhaço num aquário e gritou: “OLHA O NEMO!!!!”
....

Então, essa é a questão. O peixe palhaço não era notado até lançarem o filme “Procurando Nemo” (meu preferido). E o que me deixa indignada é que ninguém olha para o aquário e grita “OLHA O MARLÍN!!!!” – o pai do Nemo, uma personagem mil vezes mais desenvolvida e forte do que o próprio Nemo.
E minha cena preferida é a que o Marlín, querendo agradar seus amigos e zelar por seu nome de peixe “palhaço”, tenta contar uma piada. É, tenta.
“Tem um molusco e um pepino do mar. O molusco estava andando e... Não, péra, vocês sabem, um molusco não anda, ele nada... Aliás, ele rasteja e... Não, não era assim... Er... Tinha o molusco e o pepino do mar, e nenhum deles andava, aí... AH, #$%$*&%#, esquece vai...”

É. Triste. Triste porque todos amamos piadas. E piada não precisa ser boa. Precisa ser bem contada. E adivinha. Existem dois tipos de contadores de piadas: o tipo ruim, e o tipo bom. Eu sei, não podia ter classificações piores, mas a coisa é mais profunda do que pensa. Não acredita? Então, primeiramente, defina piada.

A piada existe para alegrar seu dia após você ter acordado 5:00 para a escola e o aquecedor do chuveiro queimou. E após você preparar um manjar branco com creme de baunilha e descobrir que pôs sal, em vez de açúcar (Little Women). Isso, quando a piada é bem contada. Mas pode ter um efeito desastroso sobre o seu humor se for mal contada. Porque o tipo ruim de contador de piadas se subdivide em dois grupos: os que riem da própria gracinha, depois que todo mundo ficou com cara de interrogação, e os que esquecem, depois voltam, aí se embananam todos, e ainda ficam chateados porque ninguém achou engraçado. Então, meu amigo, pense algumas (muitas) vezes antes de contar uma piada para quebrar o gelo. E também se lembre de que há as pessoas que riem apenas por cortesia, não porque você é HILÁRIO.

Piadas também podem ser altamente perigosas, como a piada do “não, nem eu”. Todos os dias dezenas de pessoas indefesas são vítimas dessa cruel pegadinha. E muito, muito, muito cuidado também, com a piada “Pete e Re-pete” (Pete & Repeat na original). Nunca diga “Re-pete”. Diga “o outro”. E se o sujeito, ainda não vencido, perguntar “qual o nome do outro?”, corra, meu filho, CORRA como se não houvesse amanhã, e evite desperdiçar toda a sua juventude preso para sempre nessa pegadinha.

Há piadas que fazem história, como a do pingüim. Que ninguém nunca entendeu, e o mistério obscuro por trás dela ainda não foi revelado. E tem até comunidade no orkut. Portanto, piadas são muito boas, mas também podem dar a fama de babaca.

Mas o Marlín, não. O Marlín venceu na vida. E aprendeu a contar piadas.

“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” –
Desfecho épico da piada do molusco e do pepino do mar.

E é isso. Não entendeu a definição? A segunda fonte mais confiável é o dicionário. Obrigada, e volte sempre.


PS.: Se você não tem uma vida social e boiou durante todo o texto, lá vai:
- Conhece a piada do “Não, nem eu?”
- Não!
- Nem eu.


“Pete e Re-pete estavam num barco. Pete pulou na água – quem ficou no barco?”
“Re-pete.”
“Pete e Re-pete estavam num barco...”


Piada do pingüim:

Dois pingüins estavam sobre um bloco de gelo, que se partiu em dois, se afastando um do outro. Como logo iam se perder de vista, um dos pingüins gritou:

- Tchau pingüim!!!!

No que o outro respondeu:

-Tchau doce de leite!!!

Fim.

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